Desde 2013, quando iniciamos a parceria exclusiva com o cientista americano, doutor David Redwine, falamos no A Endometriose e Eu sobre a diferença entre a cirurgia de excisão e a de cauterização.
A primeira erradica toda a doença, enquanto a segunda não retira toda a doença, ou seja, ela continua lá. Até o blog A Endometriose e Eu começar a parceria exclusiva com o doutor David Redwine, não se falava no Brasil sobre essa diferença e muito menos na erradicação da endometriose e numa possível cura da doença.
Por isso sempre há sempre muitas dúvidas sobre a diferença entre as cirurgias. Em “Com a Palavra, o Especialista”, o doutor Alysson Zanatta fala sobre a cirurgia de excisão para endometriose e também sobre a doença em locais distantes da pelve como pulmão, diafragma e pleura.
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– Doutor Alysson como seria a remoção máxima da doença? Esse procedimento é garantia de 100% que não haverá recidiva? Rosemary – São Paulo
Doutor Alysson Zanatta: A remoção máxima da endometriose envolve uma ampla dissecção do retroperitôneo (ou “atrás” do peritôneo, a camada de tecido que reveste todo o abdômen e pelve).
Lá estarão as lesões de endometriose, envolvendo, previsível e quase que invariavelmente, órgãos como ureter, intestino, nervos pélvicos, artérias, veias e músculos.
A taxa de sucesso da cirurgia depende do grau de remoção máxima da doença e da idade em que a mulher é operada.
Supomos que, talvez, a mulher desenvolva todas as lesões de sua vida até por volta dos 30, 35 anos. Assim, caso seja feita uma cirurgia efetiva após essa idade, há grandes chances de não haver mais recidiva.
Quando a mulher é operada em idade mais jovem, ainda que seja feita uma remoção bastante adequada, há chances de surgirem novas lesões ao longo da vida (não em curto prazo, pois isso seria persistência, e não recorrência).
Entretanto, mesmo que surjam novos focos, não deverão ser tão extensos como na primeira vez, desde que tenham sido adequadamente removidos.
– Gostaria de saber quais são os procedimentos em uma paciente com endometriose no pulmão? O caso é sempre cirúrgico ou há outras alternativas? Patrícia Filgueiras – Brasília – DF
Doutor Alysson Zanatta: Há de se diferenciar a endometriose de pulmão, de pleura, e/ou de diafragma (essa a mais comum).
A depender da localização e extensão, as três formas podem causar dor torácica (ou em ombro), dispnéia (falta de ar) ou mesmo pneumotórax (entrada de ar no espaço pleural) e hemotórax (sangramento no espaço pleural.
A cirurgia é indicada apenas se houver sintomas. A simples presença da doença sem sintomas não justificaria a cirurgia. As medicações hormonais podem controlar temporariamente os sintomas, mas o tratamento definitivo acaba sendo cirúrgico.
Para sabermos a efetividade da remoção, comparamos os sintomas antes e depois da cirurgia (desde que a mulher não esteja usando nenhum tipo de hormônio após a cirurgia), o exame clínico e os achados do exame de imagem (ultrassonografia com preparo intestinal e/ou ressonância magnética pélvica) feito por especialista.
Se a dor desaparecer (ou melhorar bastante) e não houve sinais de endometriose pelo exame clínico e exame de imagem, então é bastante possível que a remoção tenha sido efetiva, com chances reduzidas de recidiva.